Acirramento do Conflito Agrário na Ocupação da Fazenda Marilândia, em Manga, no Norte de Minas. Grande tensão!
Nota da CPT/MG.
As mais de 100 famílias da reocupação da fazenda Marilândia, no município de Manga, no Norte de Minas Gerais, vem por meio da Associação Nossa Senhora de Fátima e Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) alertar, informar e denunciar os últimos acontecimentos e solicitar da Mesa de Diálogo e Negociação do Governo de MG respostas dos encaminhamentos da última reunião da Mesa realizada em Novembro de 2016. Foi constituída uma comissão que daria início ao processo de levantamento e discriminatória do imóvel, o proprietário se comprometeu apresentar a comissão os documentos da área no prazo de 05 dias. Até o momento não recebemos nenhuma comunicação e nem mesmo a Ata da reunião. A Fazenda Marilândia tem sérios indícios de que se trata de terra devoluta. E a Fundação Palmares já declarou que a quase totalidade da fazenda Marilândia é território quilombola.
Estamos muito preocupados e apreensivos com o Acirramento do conflito agrário e fundiário na área. Passaram quatro meses da última tentativa de um acordo. As famílias reocuparam a fazenda em 02 de abril de 2016 após o 12° despejo, estão reerguendo os barracos, preparando as terras para o plantio, retornando com os animais e construindo cercas para proteção das roças. Estamos vivendo momentos de terror e de muita tensão, ameaça de um novo despejo, intimidações, humilhação e muita insegurança.
Vejam alguns fatos:
Conforme relato dos trabalhadores, por várias vezes, a Polícia Militar do destacamento de Manga adentrou na área juntamente com um suposto gerente da fazenda, o Givanildo, fazendo pressões e tentando intimidar as famílias. Entretanto, os camponeses não são bobos, sabem muito bem quais são seus direitos. Tanto é que já sofreram 12 despejos e reocupam a fazenda que não cumpria função social, além dos indícios de ser terra devoluta e agora já declarada como território quilombola. Repudiamos as ameaças e as intimidações.
Nos últimos dias o suposto gerente Givanildo vem ameaçando as famílias dizendo que por esses dias haverá um novo despejo, que desta vez será derrubadas todos os barracos e destruídas as plantações.
No dia 07 de fevereiro de 2017, fomos intimados na Delegacia da Polícia Civil, de Manga, para depor sobre investigação de um crime ambiental (incêndio ) que ocorreu há muito tempo atrás na fazenda Marilândia.
Além do suposto gerente Givanildo, surge um senhor de nome Danilo investigador da Polícia Civil de Januária, no momento encontra-se afastado de suas funções, o mesmo vem ameaçando colocar gado na área onde estão as famílias e também pressionando a aceitar a proposta do proprietário.
Exigimos que a Mesa de Negociação do Governo cumpra com urgência os compromissos assumidos em reunião em novembro de 2016, antes que exploda a violência na fazenda ocupada em Manga.
“Nenhum camponês sem terra”, exige o papa Francisco e nós da CPT e da Associação.
Manga, Norte de MG, 16 de março de 2017.