12/02/2025 – 20 anos do martírio de Irmã Dorothy Stang: testemunhos do seu legado

Duas décadas atrás, a missionária norte-americana Dorothy Stang foi brutalmente assassinada em 12 de fevereiro de 2005. A irmã Dorothy dedicou sua vida a apoiar agricultores e trabalhadores rurais, enfrentando com coragem os fazendeiros e grileiros que se diziam proprietários das terras do Esperança.

Sua voz ecoava em defesa dos pobres e da floresta. Sua luta era por justiça, por dignidade e pela preservação da Amazônia. Irmã Dorothy sabia dos riscos que corria, mas nunca recuou. Sua fé e seu compromisso com os mais vulneráveis foram mais fortes do que o medo.

Hoje, passados 20 anos de sua morte, o sangue derramado de Irmã Dorothy continua a clamar por justiça e por um Brasil onde a terra seja de quem nela vive e trabalha, e onde a floresta seja respeitada como casa comum.

Que sua memória nos fortaleça e que sua luta continue viva em cada pessoa que sonha e constrói um país mais justo e solidário.

Irmã Dorothy Stang: mártir da luta pela reforma agrária, contra o trabalho escravo e pela preservação da Amazônia e pela Ecologia Integral.

Dia 12 de fevereiro de 2025, 20 anos atrás, Irmã Dorothy Stang foi covardemente assassinada em Anapu, no Pará, na Amazônia.

“Irmã Dorothy representa para todos que militam na defesa dos Direitos Humanos o exemplo de como podemos e devemos ser.

 

 

 

 

 

12/02/2025 – 20 ANOS DO MARTÍRIO DE IRMÃ DOROTHY STANG: TESTEMUNHOS DO SEU LEGADO.

Irmã Dorothy Stang, Mártir da Ecologia e da luta pela Reforma Agrária
ANAPU – PA * 12/02/2005

Irmã Dorothy Mae Stang, religiosa norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Santa Julie Billiart (1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon (1756-1838). Esta congregação católica reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral nos cinco continentes.

Ingressou na vida religiosa 1948, emitiu seus votos perpétuos – pobreza, castidade e obediência em 1956. De 1951 a 1966 foi professora em escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City, Illinois), St. Alexander School (Villa Park, Illinois) e Most Holy Trinity School (Phoenix, Arizona).Em 1966 iniciou seu ministério pastoral e social aqui no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão. Dorothy estava presente na Amazônia desde a década de 70 junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica.

Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região. Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. Participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade à vida e a luta dos trabalhadores do campo. Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.
A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.

Em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (seção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos. Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou:

“Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”.

Irmã Dorothy Stang

Foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará.

Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Dorothy afirmou: “eis a minha arma!”, e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida tiraria sua vida.

No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.

O corpo da Missionária está enterrado em Anapu, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heroicas da fé cristã.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

Fonte: https://irmandadedosmartires.com.br/irma-dorothy-stang/?fbclid=IwAR31kpkVykip80OlGCx6k29TXXILRd4FKEGu0PSpEXoFjSKlM6p46pQE2pE

Seu exemplo de vida, desprovido de preconceitos, resgata a lição do Evangelho: AMAR AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Cumprir esse mandamento não é fácil e ela o cumpria com serenidade, alegria e doação.

Esse, para mim, foi o maior legado de DOROTHY MAE STANG.

Foi uma honra e uma bênção ter convivido com ela”.

Mary Cohen

(Comissão Nacional de Direitos Humanos/OAB)

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“Para mim, Dorothy foi uma guerrilheira da paz. Dispondo de uma profunda fé cristã, ela lutou, literalmente com a Bíblia na mão, pela implementação de vias de desenvolvimento local que pudessem pacificar a relação entre o homem e a natureza na Amazônia, em benefício das mulheres e homens da região, do Brasil e do mundo inteiro.

…Não se deve lutar pela metade. Foi esta a mensagem que ela seguiu e que a fez perder a vida”.

…Como mantê-la viva entre nós? A resposta é simples: Nunca abrir mão da luta por uma Amazônia sustentável “.

Thomas A. Mitschein

(POEMA/NUMA UFPA.)

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“Uma força de mulher comprometida com a justiça, com as causas sociais, com o meio ambiente e com um desenvolvimento responsável” .

Toninha, (Companheira de Dorothy de Anapu)

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“Apesar de ser uma mulher tão pequenina, em sua forma física, Irmã

Dorothy deixa um legado muito grande: o seu profetismo de mulher missionária. Ela levou muito a sério a sua missão dentro da Igreja. Soube ser profeta seguindo o exemplo de Jesus Cristo e como Moisés, que

acompanhou o seu povo no deserto. Ela acompanhou seu povo do Maranhão até chegar a Anapu.

A vida religiosa após o sangue de Irmã Dorothy ter sido derramado, se levanta e assume, com muito mais vigor, com muito mais paixão a causa da vida, a defesa dos povos”.

Irmã Margarida Pantoja, (Missionárias de Santa Teresinha)

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Prece pela Ecologia

Senhor, Pai e Mãe de todas as criaturas,

Abençoa o ar que respiramos e o vento que suaviza

a água cristalina das fontes e a chuva que refresca

a terra que nos dá o alimento, as árvores com saborosos frutos e as flores que perfumam os campos.

Abençoa também o sol e a luz, o arco-íres e as

estações do ano, os peixes e os pássaros, as espécies animais e vegetais.

Com teu sobro divino, afasta as impurezas que mancham o belo espetáculo do horizonte e o brilho fascinantes das estrelas. Ó Mestre do Universo, dá-nos coragem para denunciar as injustiças que prejudicam a natureza.

Suscita em nós o espírito ecológico e orienta nossas mentes e corações, pois cabe a nós, seres humanos, o compromisso de preservar a natureza, cenário da vida MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO. AMÉM!

(Luizinho Bastos)

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OS DEZ MANDAMENTOS DA HERANÇA SAGRADA DE DOROTHY STANG:

1. DEFESA DE TODAS AS FORMAS DE VIDA.

2. PRESERVAÇÃO DA FLORESTA.

3. LUTA POR UMA AMAZÔNIA SUSTENTÁVEL.

4. DENUNCIAR VIOLAÇÕES.

5. PROFETISMO DE MULHER MISSIONÁRIA.

6. COMPROMISSO COM A JUSTIÇA.

7. COMPROMISSO COM AS CAUSAS SOCIAIS.

8. IMPORTÂNCIA DE ORGANIZAR O POVO.

9. PROJETOS DE DESENVOLVIMENTOSUSTENTÁVEL DE ANAPU

10. EXEMPLO DE CORAGEM E PERSISTÊNCIA

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DOROTHY

Por Amor seguiu viagem
Seguiu caminhos
seguiu estradas

Fazendo da coragem um vício
Amando compreendeu
Por que poucos com tanto
E tantos sem ter
Que comer
Só sofrer, só fazer
Sem a terra
Para plantar e colher

Sem poder muitas vezes dizer
O que pensa
O que sente
O que quer

Exploração
Ambição
Pés no chão
Opção
Desfez o medo de morrer
Pois de tantos outros tiraram
O direito de viver

Dor a mim
Dor a ti
Dorothy semente
Dorothy presente.

(Luís Braga, 28/02/2005)

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SEMENTE

Meu Deus, mas que felicidade!
Veio lá da América pro meu Pará.
Veio lutar por este povo pobre.
Eu sou cabloco e quero te abraçar.

No meio dessas matas lindas
O seu sorriso eu sempre vou achar
Brilhando no rosto do meu povo
No coração da Amazônia.

Mas, chorei junto com essas matas,
Molhei com lágrimas todo o meu chão.
Fiz escorrer meu choro pelos rios
Para lavar o sangue do seu coração.

Levaram o corpo, mas deixaram a alma!
Grande mulher sentia compaixão
Desse povo sofrido que passava fome.
Irmã Dorothy não te levaram não!

Chegou um moço chorando pra sepultar.
Um cabloco disse: – Não nós vamos é plantar!
Essa semente já tem um jardim tão lindo
No meio dele nasceu um pé de jequitibá.

Irelson R. Almeida,

Em memória da irmã Dorothy

São Domingos do Capim-Pa, a capital da pororoca

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A MAIS BELA CERTEZA

A mais bela
de todas as certezas
é quando os fracos
e desencorajados
levantam a cabeça
e deixam de crer na
força de seus opressores.
(Brecht)

Fonte: www.comitedorothy.blogspot.com

Vídeos e documentários sobre Irma Dorothy Stang

Obs.: Os vídeos nos links, abaixo, ilustram o assunto tratado acima.

1 – Mataram Irmã Dorothy – Documentário

2 – Celebração dos 10 anos de martírio da Ir. Dorothy Stang

3 – Dez anos do assassinato de Dorothy Stang

 

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