“Canção para os Fonemas da Alegria”, de Thiago de Mello

“Canção para os Fonemas da Alegria”, de Thiago de Mello

Narração: Carmem Imaculada de Brito

“Canção para os Fonemas da Alegria”, de Thiago de Mello

Peço licença para algumas coisas.

Primeiramente, para desfraldar

este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor

quando reparto o ramo azul de estrelas

que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar,

no alfabeto do sol pernambucano

a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

e poder ver que dentro dela vivem

paredes, aconchegos e janelas,

e descobrir que todos os fonemas

são mágicos sinais que vão se abrindo

constelação de girassóis girando

em círculos de amor que de repente

estalam como flor no chão da casa.

Às vezes nem há casa: é só o chão.

Mas sobre o chão quem reina agora é um homem

diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras

aos poucos vai unindo argila e orvalho,

tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida

no seu peito partida e repartida

quando afinal descobre num clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho

não é a pena que paga por ser homem,

mas um modo de amar – e de ajudar

o mundo a ser melhor. Peço licença

para avisar que, ao gosto de Jesus,

este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando

a boa-nova, e chama os companheiros

a pelejar no limpo, fronte a fronte,

contra o bicho de quatrocentos anos,

mas cujo fel espesso não resiste

a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar

soletrando a canção de rebeldia

que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer

nos olhos do homem que aprendeu a ler.

Santiago do Chile, verão de 1964.

 = = = = = =

A Paulo Freire Peço licença para algumas coisas. Primeiramente para desfraldar este canto de amor publicamente. Sucede que só sei dizer amor quando reparto o ramo azul de estrelas que em meu peito floresce de menino. Peço licença para soletrar, no alfabeto do sol pernambucano a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

Divulgação: Frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs, do CEBI, do SAB e da assessoria de Movimentos Populares, em Minas Gerais.

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One comment

  1. Amo este poema…declamado ou apenas lido…ouvido …é a representação de uma Vitória contra a ignorância,contra a dependência causada quando o homem se coloca na posição de refém do poder.

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